As manifestações de segunda vítima de evento adverso: uma análise dos profissionais de enfermagem de um hospital público de Minas Gerais

Autores

  • Priscila Portes Almeida Programa de Pós-graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil Autor https://orcid.org/0000-0001-8957-9773
  • Gerusa Gonçalves Moura Programa de Pós-graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil Autor https://orcid.org/0000-0002-5776-1295

DOI:

https://doi.org/10.22239/2317-269x.01976

Palavras-chave:

Evento Adverso, Segurança Ocupacional, Enfermagem

Resumo

Introdução: A assistência à saúde pode resultar em eventos adversos (EA) que atingem diretamente a saúde do paciente e sua experiência no cuidado à saúde, podendo causar mortes, sequelas definitivas e temporárias, sofrimento psíquico aos pacientes, a seus familiares e aos profissionais de saúde, além de elevar o custo assistencial. Dentre os problemas relacionados à ocorrência dos EA estão os prejuízos sofridos pelos profissionais de saúde que se envolvem em um EA, denominados na literatura como “segunda vítima”. Estes indivíduos experimentam efeitos psicológicos profundos, como raiva, culpa, inadequação, depressão e suicídio, devido a falhas reais ou percebidas. Objetivo: Compreender as manifestações dos profissionais de enfermagem de um hospital frente a ocorrência de EA e a relação com o fenômeno da segunda vítima. Método: Foi realizado um estudo transversal e explicativo, com métodos quantitativos. O instrumento utilizado foi o questionário Hospital Survey on Patient Safety Culture (HSOPSC), acrescido por questões para definição do perfil da população e para caracterização dos EA baseados no sistema de notificação de eventos adversos (Notivisa) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária. A população foi composta por 203 profissionais de enfermagem envolvidos na assistência direta aos pacientes de um hospital geral, público, de alta relevância para o atendimento da população da região noroeste de Minas Gerais. Resultados: A amostra foi predominante feminina (85%), com idade média de 40,7 anos, sendo 74% técnicos de enfermagem, 25% enfermeiros e 1% auxiliares de enfermagem. Relataram ter se envolvido em pelo menos um EA nos últimos dois anos, 60% dos profissionais entrevistados. Destes, a maioria foi com dano leve (47%) e sem danos (24%). Informaram também que 75% dos eventos foram notificados ao Núcleo de Risco. A maior parte dos profissionais (55%) que se envolveu em um EA apresentou pelo menos um tipo de manifestação física e/ou psicológica. Ansiedade foi a manifestação mais relatada (24%). Se consideramos os casos em que o EA causou dano moderado, grave ou óbito (n = 36), apenas 22% dos profissionais se mostraram indiferentes, os demais apresentaram ansiedade (33%), irritação (25%), insônia (5%), perda de apetite (5%), dificuldade em retornar a rotina (5%) e, dentre outras (28%), preocupação, frustração, medo, indignação e maior atenção no trabalho. Três profissionais (3%) relataram ter sido necessário buscar assistência emocional especializada. Conclusões: Os resultados deste estudo, em conformidade com o que a literatura apresenta sobre esta problemática, demonstrou o quão deletéria e impactante para um profissional de saúde pode ser a experiência do fenômeno da segunda vítima. Esses efeitos podem ser agravados se na instituição de saúde predomina uma cultura da punição e repreensão pelas falhas cometidas.

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Biografia do Autor

  • Priscila Portes Almeida, Programa de Pós-graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil
  • Gerusa Gonçalves Moura, Programa de Pós-graduação em Saúde Ambiental e Saúde do Trabalhador, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, MG, Brasil

Publicado

2022-08-31

Edição

Seção

Artigo

Como Citar

As manifestações de segunda vítima de evento adverso: uma análise dos profissionais de enfermagem de um hospital público de Minas Gerais. (2022). Vigilância Sanitária Em Debate , 10(3), 3-12. https://doi.org/10.22239/2317-269x.01976

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