Exposição ao benzeno em postos de combustíveis: percepções de risco entre os trabalhadores
Vigil Sanit Debate, Rio de Janeiro, 2025, v.13: e02435 | Publicado em: 21/10/2025
DOI:
https://doi.org/10.22239/2317-269X.02435Palavras-chave:
Percepção, Risco, Benzeno, Saúde do TrabalhadorResumo
Introdução: Trabalhadores de postos de revenda de combustíveis (PRC) estão sujeitos à exposição diária a substâncias tóxicas, e a percepção de risco relacionada a essa exposição pode influenciar positivamente a adoção de práticas preventivas voltadas à redução de danos à saúde. Objetivo: Avaliar a percepção de risco dos trabalhadores dos PRC localizados no município do Rio de Janeiro quanto à exposição e ao efeito do benzeno na saúde. Método: Trata-se de um estudo transversal de abordagem quantitativa realizada por meio de roteiro estruturado com 167 trabalhadores de 14 PRC do Rio de Janeiro de 2017 a 2019. Resultados: Segundo a escala adotada neste estudo baseada na escala de Likert, a maioria dos trabalhadores (frentistas = 65,9%; não frentistas = 83,5%) identificava a loja de conveniência como local de risco baixo para ocasionar danos à saúde. Os dados revelaram que a percepção de risco é alterada quando referida ao local da bomba de combustíveis, com 72,7% dos não frentistas e 74,6% dos frentistas informando que esse local é de alto risco para ocasionar danos à saúde. Observou-se a mesma prevalência de sintomas de benzenismo autorrelatados entre os grupos de frentistas e não frentistas. Conclusões: A ausência ou a baixa qualidade da informação tende a potencializar a exposição dos trabalhadores a múltiplos fatores de riscos advindos do processo laboral; e a não implantação das normas de segurança expõe estes indivíduos a uma situação vulnerabilizada de saúde.
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