Desenvolvimento e validação de método cromatográfico para determinação de N,N-Dietil-3-metilbenzamida(DEET) e verificação da qualidade de repelentes tópicos
Vigil Sanit Debate, Rio de Janeiro, 2025, v.13: e02488| Publicado em: 12/12/2025
DOI:
https://doi.org/10.22239/2317-269X.02488Palavras-chave:
DEET, HPLC-DAD, Repelentes de Insetos, Especificações SanitáriasResumo
Introdução: Os repelentes de insetos são fundamentais na proteção contra picadas e na prevenção de doenças vetoriais, como a dengue. O N,N-Dietil-3-metilbenzamida (DEET) é o ativo sintético mais amplamente utilizado nessas formulações. Dada a importância do uso de repelentes no contexto epidemiológico brasileiro, torna-se essencial garantir sua qualidade e conformidade regulatória. No entanto, atualmente, os laboratórios da Rede Nacional de Laboratórios de Vigilância Sanitária (RNLVISA) não oferecem ensaio para quantificação de ativos em repelentes tópicos. Objetivo: Este estudo, conduzido pelo Núcleo de Ensaios Físicos e Químicos em Cosméticos e Saneantes (NFQC), teve como objetivo desenvolver e validar um método por cromatografia-+ líquida de alta eficiência com detecção de arranjo de diodos (HPLC-DAD) para a quantificação de DEET e verificação da qualidade de formulações comerciais. Método: As análises foram realizadas utilizando coluna C8 (125 × 4,6 mm, 5 μm), fase móvel acetonitrila:água (40:60 v/v), fluxo de 1 mL/min, injeção de 20 μL e detecção a 210 nm. O método foi validado seguindo as diretrizes do ICH e da AOAC e aplicado a seis amostras comerciais, incluindo uma formulação importada da Austrália. Foram avaliados o teor de ativo, o pH e a conformidade de rotulagem. Resultados: O método demonstrou adequação aos parâmetros de validação. Duas amostras apresentaram não conformidades na rotulagem; uma amostra apresentou pH abaixo do estabelecido pelo fabricante e outra, teor acima da faixa permitida. Conclusões: O método desenvolvido demonstrou ser adequado para a quantificação de DEET, atendendo aos critérios de validação. A aplicação em amostras comerciais evidenciou não conformidades relacionadas ao teor de ativo, pH e rotulagem, reforçando a necessidade de ações sistemáticas de controle de qualidade.
Downloads
Referências
1. Lazzari CR. Why do repellents repel? Curr Opin Insect Sci. 2024;66. https://doi.org/10.1016/j.cois.2024.101277
2. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC No 19, de 10 de abril de 2013. Dispõe sobre os requisitos técnicos para a concessão de registro de produtos cosméticos repelentes de insetos e dá outras providências Diário Oficial União. 11 abr 2013
3. Paumgartten FJR, Delgado IF. Repelentes de mosquitos, eficácia para prevenção de doenças e segurança do uso na gravidez. Vigil Sanit Debate. 2016;4(2):97-104.https://doi.org/10.3395/2317-269x.00736
4. Neumam C. Governo de São Paulo decreta estado de emergência para dengue e anuncia medidas de combate. Portal do Butantan.19 fev 2025[acesso 22 abr 2025]. Disponível em:https://butantan.gov.br/noticias/governo-de-sao-paulodecreta-estado-de-emergencia-para-dengue-e-anunciamedidas-de-combate
5. Roy DN, Goswami R, Pal A. The insect repellents: a silent environmental chemical toxicant to the health. Environ Toxicol Pharmacol. 2017;50:91-102.https://doi.org/10.1016/j.etap.2017.01.019
6. Centers for Disease Control and Prevention – CDC. Safety review of DEET. Atlanta: Centers for Disease Control and Prevention; 2024[acesso 23 abr 2025]. Disponível em:https://stacks.cdc.gov/view/cdc/38220
7. Chen-Hussey V, Behrens R, Logan JG. Assessment of methods used to determine the safety of the topical insect repellent N,N-diethyl-m-toluamide (DEET). Parasit Vectors. 2014;7:1-7.https://doi.org/10.1186/1756-3305-7-173
8. Baldacchino F, Caputo B, Chandre F, Drago A, Della Torre A, Montarsi F et al. Control methods against invasive Aedes mosquitoes in Europe: a review. Pest Manag Sci.2015;71(11):1471-85. https://doi.org/10.1002/ps.4044
9. Sfara V, Mougabure-Cueto G, Zerba EN, Alzogaray RA. Adaptation of the repellency response to DEET in rhodnius prolixus.Insect Physiol. 2011;57(10):1431-6.https://doi.org/10.1016/j.jinsphys.2011.07.009.
10. Stanczyk NM, Brookfield JFY, Field LM, Logan JG. Aedes aegypti mosquitoes exhibit decreased repellency by DEET following previous exposure. PLoS One. 2013;8(2):1-6.https://doi.org/10.1371/journal.pone.0054438
11. Vinauger C, Lutz EK, Riffell JA. Olfactory learning and memory in the disease vector mosquito Aedes aegypti. J Exp Biol. 2014;217(Pt 13):2321-30.https://doi.org/10.1242/jeb.101279.
12. National Library of Medicine – NLM. Diethyltoluamide. PubChem. 2025[acesso 20 mar 2025]. Disponível em: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov/compound/Diethyltoluamide
13. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa.Perfil analítico da rede nacional de laboratórios de vigilância sanitária Rnlvisa.Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2025[acesso 16 abr 2025].Disponível em:https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMTUzZGU5N2YtNmU0Ni00OTkwLWFjYmUtYjJkMzRjOGE1YWIzIiwidCI6ImI2N2FmMjNmLWMzZjMtNGQzNS04MGM3LWI3MDg1ZjVlZGQ4MSJ9
14. Sheskey PJ, Hancock BC, Moss GP, Goldfarb DJ. Handbook of pharmaceutical excipients. 9th ed. Chicago: Pharmaceutical Press; 2020.
15. European Medicine Agencie – EMA. ICH Q2(R2) validation of analytical procedures.In: European Medicine Agencie. ICH Harmonised Tripartite Guideline. Geneva: International Council for Harmonisation of Technical Requirements for Pharmaceuticals for Human Use; 2022[acesso 16 abr 2025]. p. 1-34. Disponível em: https://www.ich.org/page/qualityguidelineshttps://database.ich.org/sites/default/files/Q1A%28R2%29Guideline.pdf
16. Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear –CDTN. Orientação sobre validação de métodos analíticos – DOQ-CGCRE-008. Brasília: Coordenação Geral de Acreditação; 2020[acesso 16 abr 2025]. Disponível em: https://www.gov.br/cdtn/pt-br/assuntos/documentos-cgcre-abnt-nbr-iso-iec-17025/doq-cgcre-008/view
17. Association of Official Analytical Collaboration – AOAC. Appendix F: guidelines for standard method performance requirements. Association of Official Analytical Collaboration; 2016[acesso 23 abr 2025]. Disponível em:https://www.aoac.org/wp-content/uploads/2019/08/app_f.pdf
18. Song W, Cooper WJ, Peake BM, Mezyk SP, Nickelsen MG, O’Shea KE. Free-radical-induced oxidative and reductive degradation of N,N′-diethyl-m-toluamide (DEET): kinetic studies and degradation pathway. Water Res. 2009;43(3):635-42.https://doi.org/10.1016/j.watres.2008.11.018
19. Kuklenyik P, Baker SE, Bishop AM, Morales-A P, Calafat AM. On-line solid phase extraction-high performance liquid chromatography-isotope dilutiontandem mass spectrometry approach to quantify N,N-diethyl-m-toluamide and oxidative metabolites in urine. Anal Chim Acta. 2013;787:267-73.https://doi.org/10.1016/j.aca.2013.05.055
20. US Pharmacopeia Convention – USP.Diethyltoluamide. USP43 NF38. Rockville:US Pharmacopeia; 2025[acesso 23 abr 2025].Disponível em: https://www.usp.org/?gad_source=1&gbraid=0AAAAADn1zwDJJMwSGiRsLpzzKsGusyLwr&gclid=Cj0KCQjw5azABhD1ARIsAA0WFUFY6EFEcCliR_s9jzflUkzu7arpO7_JFqBbZ8HtGyYwxFWvvlO8-7caAt9KEALw_wcB
21. Santos J, Lourenço RL, Rosa P, Adams AIH. Development and validation of a simple HPLC-UV method to assay DEET repellents and its application to different commercial forms. Curr Pharm Anal. 2020;17(8):1051-9.https://doi.org/10.2174/1573412916999200703133456
22. Araya-Sibaja AM, Lobo Delgado MT, Fandaruff CN. N,Ndiethyl-meta-toluamide (DEET) in repellent solutions: development and validation of an analytical method. Rev Bras Farm. 2013;94(3):273–8.
23. Webb CE, Hess IM. A review of recommendations on the safe and effective use of topical mosquito repellents. Public Health Res Pract. 2016;26(5):2651657.https://doi.org/10.17061/phrp2651657.
24. Campbell L, Zirwas MJ. Triclosan. Dermatitis. 2006;18(4):234-5.
25. National Pesticide Information Center – NPIC. MGK- 264 General Fact Sheet. Corvallis: National Pesticide Information Center; 2025[acesso 25 mar 2025]. Disponível em: https://npic.orst.edu/factsheets/MGK264.pdf
26. Agricultural and Veterinary Chemicals Code Regulations. Statutory Rules No. 27. Australia. [Internet]. 2025 [acesso em: 25 mar 2025]. Disponível em: https://faolex.fao.org/docs/pdf/aus5829.pdf
27. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Nota Técnica No 01/2018 – GHCOS/DIARE/ANVISA: esclarecimentos para o registro de repelentes de insetos. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2018[acesso 17 abr 2025].Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/setorregulado/regularizacao/cosmeticos/notas-tecnicas/esclarecimentos-para-o-registro-de-repelentesde-insetos/view
28. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC No 250, de 21 de novembro de 2018. Dispõe sobre os requisitos para apresentação do projeto de arte de etiqueta ou rotulagem no processo de regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, e para a coexistência de mais de uma arte de etiqueta ou rotulagem para um mesmo produto. Diário Oficial União. 23 nov 2018.
29. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC No 898, de 28 de agosto de 2024. Dispõe sobre a obrigatoriedade de descrever a composição em português na rotulagem de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Diário Oficial União. 2 set 2024.
30. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC No 907, de 19 de setembro de 2024. Dispõe sobre a definição, a classificação, os requisitos técnicos para rotulagem e embalagem, os parâmetros para controle microbiológico, bem como os requisitos técnicos e procedimentos para a regularização de produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes. Diário Oficial União. 23 set 2024.
31. Blaak J, Staib P. The relation of pH and skin cleansing. Curr Probl Dermatol. 2018;54:132-42.https://doi.org/10.1159/000489527
32. Vardan V. Influence of pH on the stability of pharmaceutical compounds in Japan. J Chem. 2024;3(2):21-30.https://doi.org/10.47672/jchem.2404
33. Kounaris Fuziki ME, Ribas LS, Tusset AM, Brackmann R, Santos OAA, Lenzi GG. Pharmaceutical compounds photolysis: pH influence. Heliyon. 2023;9(2):1-9.https://doi.org/10.1016/j.heliyon.2023.e13678
Downloads
Publicado
Licença
Copyright (c) 2025 Vigilância Sanitária em Debate

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
TERMO DE CESSÃO DE DIREITOS AUTORAIS O(s) autor(es) doravante designado(s) CEDENTE, por meio desta, cede e transfere, de forma gratuita, a propriedade dos direitos autorais relativos à OBRA à REVISTA Vigilância Sanitária em Debate: Sociedade, Ciência & Tecnologia (Health Surveillance under Debate: Society, Science & Technology) – Visa em Debate e, representada por FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ, estabelecida na Av. Brasil, nº 4365, Manguinhos, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, CEP 21045-900, doravante designada CESSIONÁRIA, nas condições descritas a seguir: 1. O CEDENTE declara que é (são) autor(es) e titular(es) da propriedade dos direitos autorais da OBRA submetida. 2. O CEDENTE declara que a OBRA não infringe direitos autorais e/ou outros direitos de propriedade de terceiros, que a divulgação de imagens (caso as mesmas existam) foi autorizada e que assume integral responsabilidade moral e/ou patrimonial, pelo seu conteúdo, perante terceiros. 3. O CEDENTE cede e transfere todos os direitos autorais relativos à OBRA à CESSIONÁRIA, especialmente os direitos de edição, de publicação, de tradução para outro idioma e de reprodução por qualquer processo ou técnica. A CESSIONÁRIA passa a ser proprietária exclusiva dos direitos referentes à OBRA, sendo vedada qualquer reprodução, total ou parcial, em qualquer outro meio de divulgação, impresso ou eletrônico, sem que haja prévia autorização escrita por parte da CESSIONÁRIA. 4. A cessão é gratuita e, portanto, não haverá qualquer tipo de remuneração pela utilização da OBRA pela CESSIONÁRIA.



