Segunda fase dos medicamentos genéricos no Brasil: implementação do estudo Vasoconstritor para corticoides tópicos dermatológicos

Vigil Sanit Debate, Rio de Janeiro, 2025, v.13: e02275 | Publicado em: 26/06/2025

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22239/2317-269X.02275

Palavras-chave:

Bioequivalência, Medicamentos Genéricos, Corticosteroides, Vasoconstrição.

Resumo

Introdução: No Brasil, a venda de medicamentos genéricos vem crescendo, impulsionada pela busca por alternativas mais econômicas. Contudo, essa expansão exige a garantia de segurança e eficácia, especialmente no caso de medicamentos tópicos contendo corticoides. Até 2022, esses produtos eram isentos de testes de bioequivalência, sendo exigida apenas a equivalência farmacêutica. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo discutir o registro de medicamentos tópicos contendo corticoides no Brasil, destacando as mudanças regulatórias recentes e o impacto da obrigatoriedade do Ensaio de Vasoconstrição (EVC). Método: A metodologia consistiu em uma revisão sistemática da literatura científica e de normativas regulatórias nacionais e internacionais, com foco nos critérios de registro de medicamentos tópicos corticoides. O estudo detalhou o EVC, um teste farmacodinâmico que avalia o grau de branqueamento da pele após aplicação do fármaco, dividido em estudo piloto (definição de Emax e ED50) e principal (comparação com medicamento de referência). Resultados: Foi possível evidenciar que o EVC é amplamente adotado em contextos regulatórios internacionais, como pelo FDA (Food and Drug administration) desde 1995. No Brasil, sua introdução representa um desafio técnico, uma vez que a maioria dos centros de bioequivalência necessitam de expertise e infraestrutura adequadas. Ainda assim, estudos mostram que o método tem potencial para comprovar a bioequivalência de forma eficaz. Conclusões: A exigência do EVC representa um marco regulatório no Brasil, promovendo maior rigor técnico no registro de medicamentos tópicos com corticoides. Sua adoção é essencial para garantir qualidade, segurança e eficácia desses produtos para a população.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

Referências

1. Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares. Genéricos. PróGenericos. 2023[acesso 10 set 2023]. Disponível em: https://progenericos.org.br/genericos/

2. Brasil. Lei Nº 9.787 de 10 de fevereiro de 1999. Altera a lei Nº 6.360, de 23 de setembro de 1976, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial União. 11 fev 1999.

3. Brasil. Decreto No 3.181, de 23 de setembro de 1999. Regulamenta a lei Nº 9.787, de 10 de fevereiro de 1999, que dispõe sobre a vigilância sanitária, estabelece o medicamento genérico, dispõe sobre a utilização de nomes genéricos em produtos farmacêuticos e dá outras providências. Diário Oficial União. 24 set 1999.

4. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Resolução RDC Nº 91, de 9 de agosto de 1999. Aprova regulamento técnico para medicamentos genéricos. Diário Oficial União. 3 mar 2007.

5. Brasil. Lei Nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Diário Oficial União. 27 jan 1999.

6. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Resolução RDC Nº 742, de 10 de agosto de 2022. Dispõe sobre os critérios para a condução de estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência (BD/BE) e estudos farmacocinéticos. Diário Oficial União. 10 ago 2022.

7. Mehta M, Schug B, Blume HH, Beuerle G, Jiang W, Koenig J et al. The global bioequivalence harmonisation initiative (GBHI): report of the fifth international EUFEPS/AAPS conference. Eur J Pharm Sci. 2023;190:1-14. https://doi.org/10.1016/j.ejps.2023.106566

8. Boix-Montanes A. Relevance of equivalence assessment of topical products based on the dermatopharmacokinetics approach. Eur J Pharm Sci. 2011;42(3):173-9. https://doi.org/10.1016/j.ejps.2010.11.003

9. Chang RK, Raw A, Lionberger R, Yu L. Generic development of topical dermatologic products: formulation development, process development, and testing of topical dermatologic products. AAPS J. 2013;15(1):41-52. https://doi.org/10.1208/s12248-012-9411-0

10. Harris R. Demonstrating therapeutic equivalence for generic topical products. Pharm Technol. 2015;39(11):1-4.

11. Miranda M, Sousa JJ, Veiga F, Cardoso C, Vitorino C. Bioequivalence of topical generic products part 1: where are we now? Eur J Pharm Sci. 2018;123:260-7. https://doi.org/10.1016/j.ejps.2018.07.050

12. Miranda M, Sousa JJ, Veiga F, Cardoso C, Vitorino C. Bioequivalence of topical generic products part 2: paving the way to a tailored regulatory system. Eur J Pharm Sci. 2018;122:264-72. https://doi.org/10.1016/j.ejps.2018.07.011

13. Araujo TP, Fittipaldi IM, Bedor DCG, Duarte ML, Cordery SF, Guy RH et al. Topical bio(in) equivalence of metronidazole formulations

in vivo. Int J Pharm. 2018;541(1-2):167-72. https://doi.org/10.1016/j.ijpharm.2018.02.032

14. Chagas SCC, Pimenta CAP, Kishishita J, Barbosa ICF, Bedor DCG, Aquino KAS et al. Mupirocin ointments: In vitro x In vivo bioequivalence evaluation. Braz J Pharm Sci. 2022;58:1-10. https://doi.org/10.1590/s2175-97902022e19426

15. Leal LB, Cordery SF, Delgado-Charro MB, Bunge AL, Guy RH. Bioequivalence methodologies for topical drug products: in vitro and ex vivo studies with a corticosteroid and an anti-fungal drug. Pharm Res. 2017;34(4):730-7. https://doi.org/10.1007/s11095-017-2099-1

16. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC Nº 37, de 3 de agosto de 2011. Dispõe sobre o Guia para isenção e substituição de estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência e dá outras providências. Diário Oficial União. 4 ago 2011.

17. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Resolução RDC Nº 31, de 11 de agosto de 2010. Dispõe sobre a realização dos estudos de equivalência farmacêutica e de perfil de dissolução comparativo. Diário Oficial União. 12 ago 2010.

18. Cavalcanti IMFSD, Chagas SC, Sousa GD, Barbosa ICF, Santana DP, Leal LB. Topical bioequivalence: evaluation of hydrocortisone acetate, betamethasone valerate and mupirocin marketed brazilian products. Lat Am J Pharm. 2019;38(6):1122-9.

19. Soares KCC, Moraes MV, Gelfuso GM, Gratieri T. Bioequivalência de medicamentos tópicos dermatológicos: o cenário brasileiro e os desafios para a vigilância sanitária. Cienc Saúde Colet. 2015;20(11):3599-608. https://doi.org/10.1590/1413-812320152011.01082015

20. Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa. Resolução RDC Nº 73, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre mudanças pós-registro, cancelamento de registro de medicamentos com princípios ativos sintéticos e semissintéticos e dá outras providências. Diário Oficial

União. 11 abr 2016.

21. United States Pharmacopeia – USP. <1724> semisolid drug products: performance tests. 42nd ed. Rockville: United States Pharmacopeia; 2023.

22. Leal LB, Araujo TP, Chagas SCC, Andrade ARB, Bedor DCG, Santana DP. Registro de medicamentos genéricos tópicos dermatológicos: cenário brasileiro e estudos para demonstração de bioequivalência. Vigil Sanit Debate. 2017;5(2):3-12. https://doi.org/10.22239/2317-269x.00814

23. US Food and Drug Administrartion – USFDA. Guidance for industry: topical dermatologic corticosteroids: in vivo bioequivalence. Rockville: US Food and drug administration; 2023[acesso 20 set 2023]. Disponível em: https://www.fda.gov/regulatory-information/search-fdaguidance-documents/topical-dermatologic-corticosteroidsin-vivo-bioequivalence20Information/Guidances/ucm070234.pdf

24. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Consulta pública Nº 760 de 27 de dezembro de 2019. Proposta de resolução da diretoria colegiada - RDC, que dispõe sobre os critérios para a condução de estudos de biodisponibilidade relativa/bioequivalência (BD/BE). Diário Oficial União. 29 dez 2019.

25. Sudhapriyadharshini G. Topical glucocorticoids: a review. J Pharm Sci Res. 2014;6(6):244-6.

26. Mehta AB, Nadkarni NJ, Patil SP, Godse KV, Gautam M, Agarwal S. Topical corticosteroids in dermatology. Indian J Derm Vener Lepr. 2016; 82(4):371-8. https://doi.org/10.4103/0378-6323.178903

27. Spada F, Barnes TM, Greive KA. Comparative safety and efficacy of topical mometasone furoate with other topical corticosteroids. Australas J Dermatol. 2018;59(3):e168-74. https://doi.org/10.1111/ajd.12762

28. Devaraj NK, Rashid AA, Manap AHA, Nasir S. Topical corticosteroids in clinical practice. Med J Malaysia. 2019;74(2):187-9.

29. Tincopa-Wong, OW. Corticoides tópicos actualización y uso racional. Dermatol Peru. 2016;26(4):194-223.

30. Stacey SK, McEleney M. Topical corticosteroids: choice and application. Am Fam Physician. 2021;103(6):337-43.

31. Ministério da Saúde (BR). Dermatologia na atenção básica de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2002[acesso 21 set 2023]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf

32. Zvidzayi M, Rath S, Bon C, Abboo S, Kanfer I. A novel approach to assess the potency of topical corticosteroids. Pharmaceutics. 2021;13(9):1-11. https://doi.org/10.3390/pharmaceutics13091456

33. Rath S, Zvidzayi M, Bon C, Kanfer I. Application of Emax model to assess the potency of topical corticosteroid products. Basic Clin Pharmacol Toxicol. 2022;131(3):165-173. https://doi.org/10.1111/bcpt.13759

34. Mckenzie AW, Stoughton RB. Method for comparing percutaneous absorption of steroids. Arch Dermatol. 1962;86(5):608-10.

https://doi.org/10.1001/archderm.1962.01590110044005

35. Stoughton RB. Are generic formulations equivalent to trade name topical glucocorticoids? Arch Dermatol. 1987;123(10):1312-4.

36. Jackson DB, Thompson C, McCormack JR, Guin JD. Bioequivalence (bioavailability) of generic topical corticosteroids. J Am Acad Dermatol. 1989;20(5pt1):791-6. https://doi.org/10.1016/s0190-9622(89)70091-8

37. Olsen EA. A double-blind controlled comparison of generic and trade-name topical steroids using the vasoconstriction assay. Arch Dermatol. 1991;127(2):197-201.

38. Humbert P, Guichard A. The topical corticosteroid classification called into question: towards a new approach. Exp Dermatol. 2015;24(5):393-5. https://doi.org/10.1111/exd.12677

39. Kanfer I. Methods for the assessment of bioequivalence of topical dosage forms: correlations, optimization strategies, and innovative approaches. In: Shah VP, Maibach HI, Jenner J, editors. Topical drug bioavailability, bioequivalence, and penetration. New York: Springer; 2015. p. 113-51.

40. Wiedersberg S, Leopold CS, Guy RH. Dermatopharmacokinetics of betamethasone 17-valerate: influence of formulation viscosity and skin surface cleaning procedure. Eur J Pharm Biopharm. 2009;71(2):362-6. https://doi.org/10.1016/j.ejpb.2008.10.001

41. Smith EW, Haigh JM, Walker RB. Analysis of chromameter results obtained from corticosteroid-induced skin blanching I: manipulation of data. Pharm Res. 1998;15(2):280-5. https://doi.org/10.1023/a:1011926920834

42. Smith, EW, Haigh JM, Surber C. Quantification of corticosteroid-induced skin vasoconstriction: visual ranking, chromameter measurement or digital imaging analysis. Dermatology.2002;205(1): 10, 2002.

43. US Food and Drug Administrartion – USFDA. Guidance for industry: topical dermatologic corticosteroids: in vivo bioequivalence. Rockville: Food and drug administrartion; 2022[acesso 15 set 2023]. Disponível em: https://www.fda. gov/regulatory-information/search-fda-guidance-documents/topical-dermatologic-corticosteroids-in-vivo-bioequivalence-0

44. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Instrução normativa N° 123, de 24 de março de 2022. Aprova o roteiro de inspeção em centros de biodisponibilidade/bioequivalência de medicamentos. Diário Oficial União. 25 mar 2022.

45. Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Centros nacionais certificados. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2023[acesso 15 set 2023]. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/setorregulado/regularizacao/medicamentos/equivalencia-terapeutica/bioequivalencia/bioequivalencia-e-biodisponibilidade/centros-nacionais-certificados/pernambuco/universidadefederal-de-pernambuco-nucleo-de-desenvolvimentofarmaceutico-e-cosmetico-nudfac

Downloads

Publicado

2025-06-26

Como Citar

Segunda fase dos medicamentos genéricos no Brasil: implementação do estudo Vasoconstritor para corticoides tópicos dermatológicos: Vigil Sanit Debate, Rio de Janeiro, 2025, v.13: e02275 | Publicado em: 26/06/2025. (2025). Vigilância Sanitária Em Debate , 13, 1-9. https://doi.org/10.22239/2317-269X.02275

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)